Considerações sobre a qualidade dos processos em organizações de diferentes áreas de atividade – PT . 2019

Considerações sobre a qualidade dos processos em organizações de diferentes áreas de atividade – PT . 2019

Gráfico sobre qualidade dos processos de conhecimento em Portugal (2019)

Uma das perguntas do questionário inquiria sobre a qualidade dos processos relacionados com a informação e o conhecimento na organização. (Ver gráfico de respostas)

Procurou-se uma análise da qualidade dos processos de acordo com a atividade da organização.

Para isso, foi feita uma média ponderada das respostas, atribuindo peso nulo às respostas “Não fazemos”, 1 às respostas “Muito má” e assim sucessivamente até ao peso de 5 para respostas “Muito boa”.

O resultado é o que se pode ver na tabela abaixo.

Tabela que relaciona a qualidade dos processos com a atividade principal das organizações (PT 2019)

 

A laranja foram destacados resultados 1 unidade abaixo da média global; a verde escuro os resultados que ultrapassam em mais de 1 unidade esse valor da média. A salmão são os valores mais baixos, no caso de não ter sido encontrado nenhum inferior à media em mais do que 1 unidade; a verde claro estão os valores mais altos, se não houver nenhum superior à média em mais do que 1 unidade.

Alguns destaques decorrentes da análise da tabela:

  • as associações, as empresas da indústria transformadora e as organizações de serviços de advocacia e de consultoria são as que se mostram mais fortes no conjunto de todos os processos;
  • as organizações do setor da saúde apresentam piores resultados em mais de metade dos processos considerados, estando significativamente abaixo da média em vários deles – acesso ao conhecimento e informação, formação, levantamento de necessidades de conhecimento e informação, partilha, utilização e validação;
  • as organizações de administração pública local estão também bastante frágeis em vários dos processos, com especial destaque para a inovação e a inteligência competitiva, para os quais apresentam resultados muito baixos;
  • a administração pública (AP) central apresenta resultados superiores à AP local em quase todos os processos com exceção do acesso, captura e levantamento de necessidades.

Surpreende-me que o processo de retenção de conhecimento não tenha resultados mais baixos, especialmente em organizações como a indústria transformadora e a própria administração pública (local e central). Digo isto porque em interações que tenho tido com organizações destas áreas é recorrente a preocupação que todas têm com a iminente perda de conhecimento numa altura em que se avizinha a reforma de muitos colaboradores.

Intriga-me também a avaliação elevada atribuída aos processos de conhecimento e informação em associações. São entidades geralmente pouco profissionalizadas, com recursos humanos e financeiros reduzidos, e com uma grande percentagem de trabalho voluntário que se traduz, muitas vezes, em elevada rotatividade de pessoas. Assim, estranho a elevadíssima qualidade atribuída aos processos de acesso, de partilha e utilização de conhecimento, e ainda mais ao de levantamento de necessidades de informação e conhecimento. Apenas posso entender estes valores em face da reduzida amostra (4 associações).

O processo de inteligência competitiva volta este ano a ser um dos piores. A baixa qualidade da inteligência competitiva em organizações da AP seria de esperar; a baixa qualidade em organizações de saúde explica-se pelo facto de que, das 4 organizações representadas, 2 são públicas e 1 não tem fins lucrativos. Ainda que a inteligência competitiva faça todo o sentido em organizações públicas e sem fins de lucro, noto que este tipo de entidades não tem processos definidos nem a preocupação explícita de acompanhar tendências, auscultar os utilizadores, e analisar a atividade de outras organizações. Em todo o caso, e voltando ao início deste parágrafo, este é um processo bastante fraco mesmo nas organizações privadas.

Uma outra surpresa é a alta avaliação global atribuída ao acesso ao conhecimento e informação. Conheço as fragilidades que a grande maioria das organizações revela neste processo e não vejo essa realidade refletida nestes resultados. Poderá ser uma questão de amostra, mas mais provavelmente uma questão de interpretação. Acesso de qualidade, para mim, significa um colaborador conseguir aceder ao conhecimento de que precisa, quando precisa e num formato que lhe seja útil. E, aceder ao conhecimento quando precisa, inclui aceder ao conhecimento existente mesmo que não saiba que ele existe. Isto, por seu lado, requer processos que façam o conhecimento chegar até ao colaborador na altura em que lhe puder ser útil para a realização do seu trabalho.

By |2019-05-03T15:37:10+00:003 Maio 2019|Categories: 2019, Comentário, Portugal|Tags: , , |

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